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segunda-feira, 21 de agosto de 2017


OS BENEFÍCIOS DA ACUPUNTURA - Revista VivaSaúde

Para a Medicina Tradicional Chinesa, a má distribuição de energia vital é a causa das enfermidades. Assim, a acupuntura estimula alguns dos cerca de mil pontos existentes no corpo para reequilibrar o organismo

Quando um órgão está debilitado, determinados pontos da pele manifestam maior sensibilidade. Observando esse fenômeno, há mais de 3 mil anos, os chineses concluíram que cada órgão possui um correspondente ponto específico que, uma vez estimulado, pode aliviar a dor, prevenir e até tratar doenças. Assim nasceu a acupuntura, uma das mais importantes técnicas da Medicina Tradicional Chinesa (MTC), introduzida no Brasil há mais de 40 anos. Considerada terapia complementar, desde 1995 é também reconhecida como especialidade médica. Em 2006, o Ministério da Saúde incluiu a técnica entre as Práticas Integrativas e Medicinas Complementares do Sistema Único de Saúde (SUS).
Como funciona

Segundo a médica Gislaine Cristina Abe, especialista em acupuntura e responsável pelo ambulatório de Medicina Tradicional Chinesa do Setor de Investigação de Doenças Neuromusculares da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), o mecanismo de ação da terapia ainda não foi totalmente elucidado: “Sabe-se que existe uma relação muito estreita com o sistema nervoso e o movimento da água no organismo”. Já o médico Dirceu de Lavôr Sales, presidente do Colégio Médico Brasileiro de Acupuntura (CMBA), explica que, quando um ponto é estimulado, uma espécie de mensagem é enviada pelos nervos periféricos até o sistema nervoso central (medula e cérebro). Essa ação provoca “a liberação de substâncias químicas conhecidas como neurotransmissores, desencadeando uma série de efeitos importantes: analgésico, anti-inflamatório, relaxante muscular; além de uma ação moduladora sobre as emoções, os sistemas endócrino e imunológico e várias outras funções orgânicas”. Como o ponto forte da acupuntura é a prevenção de doenças e ela não tem contraindicação, muitas pessoas se submetem à prática visando apenas ao bem-estar e ao equilíbrio.


QUEM PODE FAZER?

Os especialistas garantem que a técnica é indicada para todos, até mesmo para as crianças. “Há uma exceção quanto à técnica com agulhas, pois ela não deve ser usada por pessoas que apresentem alterações na coagulação sanguínea. Doenças crônicas, em fase avançada, também devem ser avaliadas com cuidado no aspecto risco/benefício”, informa a médica Gislaine Abe. A única particularidade é que, de acordo com os fundamentos da MTC, o paciente deve ser avaliado de forma integral: mente e corpo são partes de uma mesma unidade. Assim, o médico o escutará, perguntará e fará o exame físico, que inclui a verificação de seu pulso (parte fundamental do diagnóstico), bem como sua língua. Exames complementares podem ser solicitados.


OS TIPOS MAIS COMUNS

A Organização Mundial da Saúde incentiva a prática da acupuntura sistêmica. Mas existem técnicas que usam pontos auriculares ou regiões cerebrais, indicada para sequelas de AVC.

Cuidados com as agulhas: As agulhas devem ser descartáveis; a inserção deve ser feita em uma profundidade adequada e compatível com a estrutura do paciente e do local a ser estimulado; a assepsia (limpeza) é imprescindível.

Doenças tratáveis: A terapia é indicada para dor em geral: muscular, osteomuscular, cefaleia, dores agudas, entre outras. Outras moléstias tratáveis são: náuseas e vômitos pós-quimioterapia, dependências químicas, asma, etc.

Riscos mínimos: Surgimento de dor e/ou sangramento. Riscos mais graves são infecções de estruturas externas e quebra de agulhas, mas são raros.

Efeitos colaterais: Se praticada por profissionais rigorosamente treinados, a técnica é segura. Por isso é importante obter informações sobre as credenciais do terapeuta. As complicações da má prática são muitas e variadas: desmaios, perfuração do pulmão, infecção auricular, meningite, encefalite, mastoidite, etc.

Revista VivaSaúde edição 86

Texto: Cristina Almeida / Foto: Fabio Mangabeira / Adaptação: Ana Paula Ferreira

domingo, 30 de abril de 2017

6 MOTIVOS PORQUE ACUPUNTURA PODE SER EXATAMENTE O QUE VOCÊ PRECISA



Você está estressado, cansado, dolorido. A resposta para estes males pode ser mais simples que você pensa. Acontece que acupuntura, que há muito, tem sido usado na medicina chinesa para cuidar de uma variedade de problemas, pode ajudar com esses sofrimentos comuns e muitos mais. Lesões, alergias e fatiga são apenas algumas das coisas que podem ser melhoradas ao buscar tratamento com a acupuntura, prática milenar chinesa. Abaixo, listamos 6 motivos porque a acupuntura pode ser exatamente o que você precisa.
“A Medicina Tradicional Chinesa pode balancear e restaurar a saúde. Especialmente com a acupuntura, que trabalha para ajudar na restauração do equilíbrio físico, mental e espiritual, ao ter uma visão holística quando se busca as causas raízes da disfunção”, de acordo com Jenise Parris, acupunturista.

A imagem de estar coberto por agulhas pode ser assustadora, mas na verdade, as agulhas da acupuntura causam quase nenhuma dor. As agulhas são esterilizadas, feitas de aço inoxidável e são muito delicadas (são do diâmetro de um fio de cabelo); a maioria das pessoas pode ter uma sensação de calor ou formigamento durante a sessão de acupuntura, mas não dor.
Mesmo que não vá sair curado de anos de tensão acumulada em uma só sessão, até mesmo condições agudas deveriam apresentar algumas melhoras após alguns dias de tratamento com a acupuntura. Tendo dito isso, os pacientes são avaliados individualmente e o método de tratamento é baseado em suas estruturas e necessidades pessoais. Esteja preparado para responder perguntas sobre sua dieta, pele, seu cabelo, padrões de sono, e hábitos em geral.

Para sabermos mais, destacamos alguns pontos que podemos realisticamente esperar que sejam aliviadas com algumas sessões de acupuntura.

RECUPERAÇÃO PÓS-TREINO

Você sabia que a acupuntura pode lhe ajudar a ter uma recuperação mais rápida de torções, distensões e dores musculares? O tratamento pode ajudar a diminuir inchaços, equimoses e inflamações. O corpo se recupera mais rápido quando se tem uma circulação maior, enquanto uma combinação de tui na (massagem medicinal chinesa) e acupuntura, ajuda a melhorar as funções musculares.

ANSIEDADE

A medicina chinesa e a acupuntura podem colaborar para melhorar sintomas de ansiedade, inquietação e depressão, ao estimular a liberação de hormônios e neurotransmissores endógenos como a serotonina. O tratamento destas patologias geralmente requer o uso de medicamentos com efeitos adversos importantes, como ganho de peso, boca seca, e constipação. Assim, a Acupuntura acaba sendo uma ótima opção terapêutica para ajudar no controle destes sintomas, e também para ajudar a diminuir a necessidade do uso de medicamentos de uso contínuo. Um estudo publicado em 2013 no Journal of Acupuncture and Meridian Studies, encontrou que estudantes que foram submetidos a uma sessão de 20 minutos de acupuntura apresentaram melhora nos sintomas de ansiedade, e até leve melhora na memória se comparados aos estudantes que não foram submetidos ao tratamento por acupuntura.

SONO

Pesquisas em laboratórios mostram que a acupuntura, além de uma melhor higiene do sono, podem melhorar a qualidade e quantidade do sono. A acupuntura pode reduzir os hormônios do estresse e aumentar a serotonina e a GABA, os neurotransmissores responsáveis pela sensação de bem-estar, que ajudam a restaurar padrões de sono tranquilo.

PROBLEMAS ESTOMACAIS E DE DIGESTÃO

A acupuntura pode ajudar na digestão e eliminação ao regular a motilidade e absorção do estômago. Os tratamentos podem diminuir os gases, inchaço e movimentos irregulares do intestino. Quando o sistema digestivo está funcionando bem, chegar ao peso ideal do seu corpo se torna mais fácil.

MANEJO DO STRESS

Tenha um sistema nervoso mais equilibrado e regulado com a acupuntura. Viver no “alerta” pode levar a complicações imensas com a sua saúde. Muitos homens se sentem mais relaxados durante e após uma sessão de acupuntura, o que pode ajudar a restaurar a sensação de serenidade e bem-estar.

ALERGIAS

Foi descoberto que inserir agulhas de acupuntura ao redor do nariz pode ajudar a parar os espirros e aliviar a congestão. Existem, também, pontos no pé que podem acalmar os olhos vermelhos e irritadiços, e outros pontos, que podem acalmar um sistema imunológico hiperativo. Se você tem propensão a alergias em certas estações do ano, é melhor começar o tratamento com acupuntura antes desta época, para tratar a raiz da alergia antes dela ser manifestada.

domingo, 19 de fevereiro de 2017

A POTÊNCIA DA ACUPUNTURA ( Revista ISTOÉ )

Novas pesquisas comprovam a eficiência das agulhas em um conjunto de doenças muito maior do que se imaginava. Seus benefícios se estendem do tratamento de enfermidades como depressão e obesidade a tratamentos de beleza

https://www.facebook.com/AcupunturistaWalison


A acupuntura já se consagrou como método eficiente para aliviar dores. Agora, embasada por sólidas pesquisas científicas realizadas em todo o mundo, suas aplicações começam a se expandir. A prática é usada contra doenças como a depressão, na recuperação de sequelas de acidente vascular cerebral e até em procedimentos de beleza. O avanço do método, nascido na China, em terras ocidentais é consequência de algumas transformações ocorridas nos últimos anos. A primeira foi a demanda crescente por técnicas que melhoram a saúde sem a necessidade de se recorrer a remédios. A acupuntura se ajusta perfeitamente nesse quesito. A segunda deve-se ao fato de que a medicina finalmente encontrou meios de avaliar com mais refinamento científico o efeito das agulhas no organismo. Hoje, os cientistas estão recorrendo a testes moleculares e ao que há de mais avançado em tecnologia diagnóstica, como os exames de imagem (a exemplo da ressonância magnética funcional, que permite ver o cérebro em movimento), para obter respostas.

As pesquisas se dividem em duas grandes áreas. Uma mensura o impacto da técnica no alívio dos desconfortos associados a diversas doenças. Outra elucida os mecanismos neurofisiológicos por meio dos quais a inserção das agulhas em pontos específicos promoveria os benefícios. “Dessa abordagem estão surgindo dados que descrevem como a técnica funciona, incentivando a ampliação das situações às quais ela comprovadamente se aplica”, diz o clínico-geral Alexandre Yoshizumi, presidente do Colégio Médico de Acupuntura de São Paulo. Ele participou de um estudo sobre dor lombar conduzido por Tatiana Hasegawa e orientado pelo médico Jamil Natour, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), que foi publicado na prestigiosa revista científica “British Medical Journal”.
Respaldada nesses achados, a acupuntura se firma em áreas fora de sua terra natal, nas quais não se cogitava sua participação. Uma dessas atribuições mais originais é o auxílio na regulação do funcionamento do sistema cardiovascular. “Estamos começando a compreender como a prática age na hipertensão e reduz problemas como a isquemia do miocárdio”, explica John Longhurst, da Universidade da Califórnia (Eua). Ele assina uma revisão de estudos experimentais sobre a utilização da técnica no combate de enfermidades cardíacas.
A isquemia consiste na diminuição do afluxo de sangue numa parte do organismo, ocasionando consequente redução de oxigênio e de nutrientes na região. No caso citado por Longhurst, a isquemia afetou o miocárdio, o músculo do coração. O que se sabe é que a acupuntura promove um aumento na liberação de hormônios com poder de excitar ou inibir o ritmo de trabalho do sistema nervoso central. Isso pode incentivar a melhor irrigação sanguínea dos tecidos.

 

Outra análise, empreendida por acadêmicos chineses, examinou quatro importantes trabalhos sobre a prática e a hipertensão. Verificou-se que a acupuntura atua como coadjuvante e reduz a pressão em pacientes que tomam anti-hipertensivos, mas que, com os remédios, não obtêm mais progressos. Se pela medicina chinesa o efeito surge do reequilíbrio das energias yin e yang, a ciência ocidental indica que as agulhas influem positivamente no sistema renina-angiotensina (importante na regulação da pressão) e modulam a atividade endócrina, diminuindo a produção das substâncias aldosterona e angiotensina II. Os dois mecanismos estão na base do processo da hipertensão.

 

Um impacto também comprovado mais recentemente ocorreu na recuperação de pacientes com sequelas motoras e cognitivas após acidentes vasculares cerebrais (AVC). “O método é eficaz nesses casos”, diz o médico Wu Tu Hsing, diretor do Centro de Acupuntura do Instituto de Ortopedia do Hospital das Clínicas de São Paulo (HC/SP). Hsing é responsável por um estudo publicado há pouco tempo sobre o tema. O médico selecionou 60 pacientes que haviam sofrido AVC e apresentavam dificuldade de movimento nas pernas. O grupo foi dividido em dois. Um recebeu a aplicação das agulhas. Outro foi submetido à acupuntura placebo (simula-se sua aplicação). A experiência durou dez semanas, com duas sessões semanais. “Os que foram tratados de verdade manifestaram melhora de 20% em relação aos outros”, informou o pesquisador. Hoje, o HC/SP – referência em pesquisa médica no País – oferece sessões do método para ajudar na recuperação de AVC. A rede de Reabilitação Lucy Montoro, em São Paulo, também utiliza a prática como recurso complementar aos tratamentos convencionais.
Há um esforço imenso para descobrir as reações por trás da recuperação motora e de outras capacidades funcionais prejudicadas por causa de um AVC ou de uma paralisia cerebral – outra condição para a qual a prática demonstra benefícios. Uma das equipes empenhadas em esclarecer essas dúvidas é a da Universidade Bastyr (Eua). Lá, os cientistas criaram agulhas feitas de um material especial para avaliar as respostas cerebrais decorrentes da eletroacupuntura. Derivada da acupuntura tradicional, a técnica consiste na aplicação de corrente elétrica através das agulhas inseridas em pontos do corpo. As tais agulhas permitem que os cientistas investiguem os efeitos das descargas elétricas sem que haja interferência dos campos magnéticos de aparelhos de imagem que mostram o cérebro em funcionamento. “Encontramos a ferramenta certa para investigar. Isso possibilitará avanços e um grande número de estudos”, disse a pesquisadora Leanna Standish, que coordena o trabalho.

O aprimoramento das pesquisas ajudará a pautar o uso da técnica na terapia das doenças mentais. Por ora, o que se tem são estudos que constatam associação proveitosa contra a depressão, de forma complementar aos remédios. Pesquisadores da Universidade Southern, na China, por exemplo, compararam a eficácia da eletroacupuntura combinada a um antidepressivo com a da terapia feita apenas com remédio. “A acupuntura acelera o início do efeito terapêutico da medicação contra sintomas depressivos, ansiosos e do transtorno obsessivo compulsivo”, disse Yong Huang, líder da pesquisa. O estudo saiu na revista científica “Neural Regeneration Research”.
Outra experiência, feita na Universidade de York, na Inglaterra, constatou que a prática pode ser tão eficaz na contenção dos sintomas quanto o aconselhamento psicológico. A conclusão foi obtida após a análise de 755 pacientes com depressão moderada e severa. “As pessoas que têm depressão, que tentaram várias opções médicas e que não estão obtendo benefícios deveriam tentar a acupuntura ou o aconselhamento como opções de ajuda que se mostraram agora clinicamente efetivas”, afirmou Hugh ­MacPherson, coordenador do estudo.

Um experimento singular na área de doenças psiquiátricas também chama a atenção. A técnica foi empregada de forma pioneira no tratamento da esquizofrenia, enfermidade que até hoje representa um grande desafio para a medicina. A descrição do caso foi feita por pesquisadores da Radboud University Nijmegen, na Holanda. Os cientistas incluíram sessões de acupuntura às intervenções terapêuticas indicadas a uma mulher de 63 anos com esquizofrenia crônica. Entre outros sintomas, ela sofria de dores físicas em consequência de uma alucinação persistente sobre um pássaro preto que a bicava sem parar. Ao final de três meses, ainda que as alucinações persistissem, a paciente se sentia menos perturbada e suas dores, curiosamente, haviam diminuído bastante. A qualidade do sono melhorou e viu-se que traços depressivos foram amenizados. Para a cientista Peggy Bosch, que conduziu o trabalho, os resultados obtidos sugerem que a acupuntura pode ser uma ferramenta adicional para tratar a enfermidade.
A curiosidade científica está levando a outras descobertas sobre o potencial da técnica. Exemplo disso é a pesquisa feita pelo imunologista Luis Ulloa, da New Jersey Medical School (Eua). Para conferir o poder anti-inflamatório da eletroacupuntura, ele aplicou a técnica em cobaias com sépsis, doença infecciosa grave que pode causar também uma intensa reação inflamatória – esta última, na verdade, responsável por boa parte das mortes causadas pela enfermidade. “Usamos a eletroacupuntura para ativar os nervos ciático e vago e a glândula adrenal, elevando a produção de dopamina pela adrenal”, disse à ISTOÉ o cientista Juan Manuel Rico, da equipe de Ulloa. “Estudos mais atuais mostram que essa glândula não funciona bem em grande parte dos pacientes com septicemia. Vimos também que, sem ela, os ratos não reagem à eletroacupuntura”, explica Juan Manuel. O resultado foi que, a partir da estimulação dos pontos, houve a inibição da produção de substâncias do grupo das citocinas que estão associadas à inflamação.

 

Um fenômeno positivo igualmente surpreendente é o que se vê na área da medicina esportiva. “A prática dá ótimos resultados tanto para recuperar atletas como para aumentar a performance física”, assegura o clínico-geral Alexandre Yoshizumi, de São Paulo. Um levantamento feito por pesquisadores da Universidade Estadual de Londrina e do Centro Universitário de Maringá, ambos no Paraná, endossa a afirmação do médico. Após reunirem mais de 20 trabalhos científicos com atletas de diferentes modalidades, como ciclismo, handebol, basquete e velocistas de alto rendimento, os cientistas concluíram que a prática pode ser usada para aprimorar aspectos como velocidade, força de explosão, resistência e outras capacidades relacionadas ao desempenho esportivo. Os autores da revisão vão além. Eles defendem que um acupunturista desportivo já deveria estar presente nas equipes de alto rendimento, a fim de melhorar a performance final dos atletas.
Uma das explicações para esse tipo de efeito emergiu do trabalho feito pela pesquisadora japonesa Akiko Onda, da Escola de Ciências do Desporto da Universidade de Waseda, no Japão. Por quatro anos, ela estudou, em cobaias, os efeitos da acupuntura a nível molecular (na expressão dos genes) para conter a perda muscular. “Comprovamos que a técnica reduz a atrofia da musculatura esquelética, aquela que se liga aos ossos”, disse Akiko à ISTOÉ. De acordo com a pesquisadora, esse desfecho é consequência da ação das agulhas na expressão de genes associados a esse processo. O próximo passo será realizar o estudo em seres humanos.

A exploração dos benefícios do método envolve também formas menos ortodoxas do que a conhecida introdução das agulhas. O ortopedista e acupunturista André Tsai, coordenador do curso de especialização em acupuntura da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo, por exemplo, está utilizando fios cirúrgicos chamados CatGut (pronuncia-se catigu) para tratar a obesidade. A técnica está difundida nos Estados Unidos. “Insiro os fios, com a ajuda das agulhas, sob a pele, em pontos de acupuntura para ajudar no controle da ansiedade e do apetite”, diz Tsai. Como são feitos de material absorvível pelo organismo, não precisam ser retirados. “Os efeitos variam a cada paciente”, diz Tsai. “Evidentemente, o método não pode ser usado por pessoas que ainda não foram avaliadas por um médico para saber se apresentam doenças associadas ao excesso de peso”, ressalva.
A eficácia da prática contra o excesso de peso está evidenciada por várias pesquisas científicas. Entre elas, estão os resultados obtidos em um estudo publicado no jornal especializado “Acupuncture in Medicine”. No trabalho, foi constatado que a marcação de cinco pontos na orelha relacionados ao acúmulo de gordura (estariam vinculados à fome, ao estômago e ao sistema endocrinológico, entre outros) reduziu em 6% o Índice de Massa Corporal (IMC) de indivíduos com sobrepeso e obesos que participaram do experimento. Quando o estímulo foi aplicado em um único ponto (o da fome), a diminuição foi de 5,7%.

NOVAS FRONTEIRAS
O médico Alexandre Yoshizumi, de São Paulo, usa a técnica
contra sequelas de AVC e lesões esportivas
Até áreas relegadas a segundo plano estão sendo revisitadas pelos médicos com formação em acupuntura. Na Universidade Federal de São Paulo, por exemplo, investigam-se os resultados do uso das agulhas para problemas estéticos como rugas faciais, flacidez nos braços, no pescoço, na parte interna da coxa, olheiras e cicatrizes de acne. Os ganhos são creditados à melhora da circulação sanguínea, da oxigenação e, acrescentando uma pitada de cultura chinesa, da energia vital circulante no local em consequência dos estímulos da eletroacupuntura. “Trabalhos realizados em nosso ambulatório confirmam clinicamente uma melhora na elasticidade. Indiretamente, isso mostra que ocorreu uma produção adequada de colágeno, embora isso não tenha ainda sido comprovado cientificamente”, relata a dermatologista Maria Assunta Nakano, responsável pelo Ambulatório de Acupuntura em Dermatologia do Setor de Medicina Chinesa da Unifesp. O colágeno é uma proteína fabricada pelo organismo e é responsável por dar sustentação à pele. A médica também adverte que só há benefício para rugas menos profundas.
A instituição paulista, que há três anos implantou um ambulatório de acupuntura voltado apenas para crianças, promete reforçar seu pioneirismo na área. “Em breve faremos estudos em humanos para analisar a eficácia das agulhas na prevenção de doenças em pessoas com graves problemas renais”, informa o médico Ysao Yamamura, introdutor do método na instituição.

Fonte: http://istoe.com.br/358059_A+POTENCIA+DA+ACUPUNTURA/